sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Prevenção e tratamento da dependência química


Quais razões levam um jovem a usar drogas? Como ajudá-lo a se livrar delas? O que se entende por drogas e dependência? Essas e outras questões são complexas e demandam uma análise um pouco mais aprofundada do fenômeno da drogadição.

Maconha, heroína, LSD, cocaína, crack, entre outras, chamadas popularmente de drogas, são substâncias psicoativas (SPAs) que têm convivido de alguma forma com o homem na maioria dos grupos sociais. Algumas têm origem natural, outras são feitas em laboratório, mas todas trazem inúmeras consequências para o sistema nervoso central. Tais efeitos modificam o estado geral da mente e do corpo e a conduta de quem as utiliza.

O usuário é chamado de drogadicto, já que este fenômeno é tratado hoje como uma patologia ou doença grave A chamada drogadição é algo antigo, amplamente relatado na literatura médica, que se tornou um problema de saúde pública em meados da segunda metade do século 20, em especial nos centros urbanos. A percepção generalizada atual é de que tem crescido significativamente o consumo de substâncias psicoativas, sendo usadas por faixas etárias cada vez mais jovens.

Uma pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que os principais motivos para alguém experimentar essas substâncias psicoativas são: satisfazer a curiosidade a respeito dos efeitos das drogas, sentir necessidade de participar de um grupo social, ter vontade de expressar sua independência, buscar experiências agradáveis, novas e emocionantes, melhorar a “criatividade”, favorecer uma sensação de relaxamento e fugir de sensações e/ou vivências desagradáveis.

No mesmo estudo, a OMS elencou os cinco principais fatores de risco para o consumo de SPAs: não ter informações adequadas sobre os efeitos das drogas, ter saúde deficiente, estar insatisfeito com a qualidade de vida, ter personalidade deficientemente integrada e encontrar facilidade de acesso às drogas.

As drogas podem provocar um fascínio e atração, apoiadas no contexto social e cultural contemporâneo, que incorpora elementos da chamada pós-modernidade. De acordo com o sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman, diferentemente da sociedade moderna anterior, que ele chama de “modernidade sólida”, tudo agora está sendo permanentemente desmontado, sem perspectiva de permanência, no chamado “mundo líquido”. Tudo acaba sendo temporário, o que explica a metáfora da “liquidez” para caracterizar o estado da sociedade moderna.

Como os líquidos, essa sociedade é incapaz de manter a forma, o que pode ser traduzido por suas instituições, quadros de referência, estilos de vida, crenças e convicções, modificando tudo antes que se tenha tempo de solidificar costumes, hábitos e verdades “autoevidentes”. Dessa forma, Bauman aponta que os jovens da atual geração, em especial, não podem mais contar com a natureza permanente do mundo lá fora nem com a durabilidade das instituições, que tinham antes toda a probabilidade de sobreviver aos indivíduos.

Contidos nessa “liquidez”, o fenômeno da drogadição e a disseminação do consumo de substâncias psicoativas espelham o modo como muitos jovens se relacionam hoje. Ele reforça valores baseados em consumismo e busca do prazer imediatista, associados à pauperização de importante parcela da população mundial.

Quando alguém se torna dependente, a “liquidez” de seu mundo é ainda mais aguda. A dependência pode ser entendida como o impulso que a impele a usar uma droga a fim de saciar seu desejo e lhe conferir prazer. O chamado drogadicto - ou dependente - caracteriza-se por ser incapaz de controlar seu desejo de consumir drogas, tendo um comportamento impulsivo e repetitivo, muito alterado em relação ao seu padrão habitual. A dependência também é marcada pela síndrome de abstinência, cujos sintomas estão associados à ansiedade, mal-estar e desconforto incontrolável, além de tremor nas mãos, náuseas, vômitos e até um quadro de abstinência agudo denominado delirium tremens, com risco de morte, em alguns casos.

Já há inúmeros medicamentos que podem minimizar tais efeitos. Porém, a cura para a drogadição é extremamente difícil, o tratamento é demorado e muito custoso emocionalmente para o dependente, sua família e círculo social.

O tratamento da dependência não pode estar restrito às medicações. Há nesse aspecto uma observação, muito disseminada, sobre o êxito na recuperação estar ligado a uma reorganização psicossocial do indivíduo. Psicólogos e terapeutas apresentam um grande arsenal de estratégias que colaboram nesse processo, deixando claro que um problema de tal complexidade exige uma abordagem terapêutica aliada a iniciativas que afastem o dependente das drogas. A arte, a prática esportiva e outras atividades prazerosas são capazes de ocupar o tempo utilizado anteriormente com as drogas, dentro de um contexto saudável, construtivo e estimulante.

Para isso, é fundamental o papel do tripé escola, comunidade e família, atuando conjuntamente, em harmonia. Isso favorece o processo de recuperação das vítimas da dependência. O desafio dos pais e educadores é promover um amálgama de saberes tradicionais (“legado”) com novos saberes (“futuro”) por meio de práticas que atinjam os jovens nos sentidos, levando-os a desenvolver uma percepção de que há vida, alegria e saúde longe das drogas.

Incorporando o pensamento do sociólogo Bauman, deve-se criar uma nova matriz “líquida”, capaz de promover uma cultura de tolerância, solidariedade, respeito mútuo, cidadania, autonomia e protagonismo social. Vivemos na fluidez, em períodos desafiadores, tempo de incertezas e novos desafios, mas fortalecidos pela certeza de que a luta contra as drogas é dever de cada um de nós.

Claudio Paris | Licenciado em Ciências e Biologia e pós-graduado em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). É também professor de colégio conveniado ao Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva, músico e gestor da Nova Geração, comunidade terapêutica que assiste jovens vítimas de exclusão social e drogadição

via Ana Carolina Esmeraldo | Ex-Libris

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Prejuízos sofridos por dependentes químicos vão além da saúde

Clínica Novo Mundo/Divulgação

Pendências judiciais estão entre os dilemas que doentes precisam lidar mesmo internados

Segundo o advogado e consultor jurídico da Clínica Novo Mundo, Marcos Jordão, vários são os prejuízos sofridos por um usuário de drogas. Além dos danos físicos e emocionais, os pacientes que chegam ao tratamento geralmente colecionam pendências judiciais e precisarão recorrer à justiça para resolver determinados assuntos.

Em vista disso, a Clínica Novo Mundo criou um serviço de Assistência Jurídica para ajudar seus pacientes a resolverem suas pendências judiciais. 

O interessado poderá contar com apoio em questões familiares e cíveis em geral, trabalhistas, previdenciárias e criminais. 

Uma das vantagens desse inovador serviço é fazer com que o paciente trabalhe todas as questões terapeuticamente, dentro do seu período de internação, o que garante maior apoio e equilíbrio para o enfrentamento desses problemas.

Sair de um tratamento sem que estas questões estejam resolvidas, ou pelo menos encaminhadas, constitui, certamente, um grave fator de risco à recuperação desses pacientes. Para facilitar a transição entre a internação e a volta ao convívio social, é essencial que todas as áreas da vida do dependente químico sejam revistas enquanto ele está internado.

A assistência jurídica é mais uma demonstração da filosofia humanizada do trabalho da Clínica. Na Novo Mundo, o paciente recebe tratamento e apoio para que possa manter sua recuperação, longe das drogas, cuidando também de todos os aspectos da sua realidade, para que na hora de receber alta, ele esteja realmente vivendo uma nova vida.

Sobre a Clínica Novo Mundo
A Clínica Novo Mundo oferece aos seus pacientes um tratamento humanizado, capaz de distinguir precisamente o que deve ser feito em cada caso. Criada em 2009, a comunidade terapêutica conta com uma equipe interdisciplinar composta por psiquiatras, psicólogos e conselheiros individuais, além de 13 funcionários, entre caseiros, cozinheiras e enfermeiras. Juntos, eles propõem um novo e inovador conceito de tratar o dependente químico: o método Minnesota, um procedimento terapêutico e personalizado que respeita a individualidade de cada interno e que foi criado na cidade de Minneapolis (EUA), em 1949, e aperfeiçoado através do tratamento de alcoolismo entre esquimós do Alaska realizado por Charles Bartles, missionário fundador do Instituto Souza Novaes.

(11) 4013-3691

via Tainá Giglio | Ralcoh

sábado, 17 de novembro de 2012

10 mil vagas para acolher usuários e dependentes


Governo Federal abre chamado para 10 mil vagas para acolher usuários e dependentes de crack e outras drogas

O Programa Crack,é possível vencer deve gerar mais de 10 mil vagas para acolher gratuitamente usuários e dependentes de drogas em todo o país com a publicação do chamamento público para comunidades terapêuticas voltadas para o acolhimento dessas pessoas. Os recursos para ação são provenientes do Fundo Nacional Antidrogas (Funad), com o pagamento mensal de R$ 1 mil pelos serviços de acolhimento de adultos e R$ 1,5 mil para crianças, adolescentes e mães em fase de amamentação.

O Edital para habilitação e pré-qualificação de entidades para celebrar contrato para prestação de serviços de acolhimento de pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de substância psicoativa foi publicado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça (Senad/MJ) dia 8/11, no Diário Oficial da União. As comunidades terapêuticas interessadas em participar do chamamento público têm até o dia 7 de janeiro de 2013 para encaminhar os documentos para habilitação.

O chamamento público será realizado em três fases: Habilitação, que corresponde à verificação da regularidade jurídica, fiscal e trabalhista, situação econômico-financeira e condição técnica da entidade; Pré-qualificação, que se refere à verificação da condição técnica da entidade; e Celebração de contrato.

A Senad/MJ oferecerá cursos e avaliará os serviços prestados pela entidade. As comunidades terapêuticas selecionadas devem, obrigatoriamente, participar da capacitação dos profissionais e voluntários que atuarão com as pessoas acolhidas.

Obrigações das comunidades terapêuticas

Não praticar ou permitir a contenção física, isolamento ou restrição à liberdade da pessoa acolhida.

Respeitar a internação voluntária, exceto para casos previstos em lei

Obedecer a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 29 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que dispõe sobre os requisitos de segurança sanitária para o funcionamento de instituições que prestem serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de substâncias psicoativas.

Comunicar formalmente o acolhimento voluntário da pessoa em tratamento às redes do Sistema Único de Sáude (SUS), do Ministério da Saúde, e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

Programa Crack, é possível vencer – Prevê, no total, R$ 4 bilhões em recursos federais e conta com ações dos ministérios da Justiça, da Saúde e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, além da Casa Civil e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República até 2014. Instituído pela Presidência da República com o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas para prevenir o uso, oferecer tratamento e reinserção social de usuários e enfrentar o tráfico de crack e outras drogas ilícitas. As ações são executadas de forma descentralizada e integrada, por meio da conjugação de esforços entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e com a participação da sociedade civil e do controle social. O Plano Integrado tem como fundamento a integração e a articulação permanente entre as políticas e ações de saúde, assistência social, segurança pública, educação, desporto, cultura, direitos humanos, juventude, entre outras, em consonância com os pressupostos, diretrizes e objetivos da Política Nacional sobre Drogas.

Flora Lobosco | Comunicação Social/Ministério da Justiça